segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Fotos do projeto realizado pela educadora Ana Correia com o 2° ano do ensino fundamental. Cubatão, São Paulo - 2009.

A família de Zabelinha desenhada pelos alunos
Os aluno do 2° ano com os desenhos realizados
Professora Ana CorreiaZabelinhas (criança e adulta)
Zabelinha e sua mãe
Zabelinha e Bererê
Os personagens do livro

domingo, 10 de janeiro de 2010

Algumas reflexões e sugestões de atividades do autor Anguair Gomes do Santos

Na leitura, por meio dos sentidos, a criança é atraída pela curiosidade, pelo formato, pelo manuseio fácil e pelas possibilidades emotivas que o livro pode conter. Além de estimular o pequeno leitor a descoberta e o aprimoramento da linguagem, desenvolvendo sua capacidade de comunicação com o mundo, desperta na criança o desejo de concretizar o ato de ler o texto escrito, facilitando o processo de alfabetização.

O livro Zabelinha foi primeiramente escrito para o professor e o adulto. Cabe a eles serem os mediadores segundo Lev Vygotsky, ou os facilitadores segundo Jean Piaget do desenvolvimento da aprendizagem da criança. Então, esse adulto não pode permitir o desaparecimento da criança que ele foi um dia, e deve aprender a pensar como a criança pensa.

Se a criança no período simbólico segundo Piaget,é alimentada pela fantasia e adora ouvir histórias, Zabelinha fará parte do seu animismo onde lhe atribuirá vida em um pedaço de pano, por exemplo. O professor ou adulto deve ser o facilitador para que essa criança chegue à zona proximal, explorando abundantemente as imitações sem modelo, as dramatizações, os desenhos e pinturas.

Se no período Intuitivo a criança demonstra especial interesse pelas causas dos fenômenos, então devemos viajar com ela nessa fase dos “porquês”. Por que temos dois olhos e não temos três ou um? Por que o papagaio fala e o cachorro não? Como a expressão verbal é importante podemos por meio das personagens explorarem as dramatizações, as descrições das ilustrações, recontarem a história...

No período Operatório Concreto, a criança pode fazer uso dos signos, convencionais e arbitrário sendo o momento indicado para a alfabetização. Zabelinha pode contribuir para a descoberta da leitura, curiosidade e novos conhecimentos. O professor pode explorar o seu nome, quem é, como é, semelhanças e diferenças. Usar atividades de recortar as letras em jornais e revistas para colagem montando palavras. Desenhar o tema da história e os personagens. Pode também ser copiadas as palavras ou coladas utilizando-se grãos, barbantes. Com o tempo pode ser ensinado a usar o dicionário para que a criança tire suas dúvidas. O que quer dizer emancipada?

No período Operatório abstrato, que segundo Piaget vai de onze/doze anos em diante, o livro Zabelinha pode contribuir pelo seu interesse nas transformações sociais, nas teorias voltadas para o futuro. Discutir temas como a diversidade, uma escola para todos, uma sociedade justa e fraterna, contribuirá no estabelecimento nas relações de reciprocidade e cooperação.

Algumas sugestões de atividades:

  • Observar à capa, textura, as letras e as suas cores, nome do livro, nome do autor, nome da ilustradora, a data em que foi impresso e em que cidade.
  • Trabalhar os inúmeros tipos de famílias e os ajustes familiares.
  • Observar os cabelos da Zabelinha, os próprios cabelos e dos coleguinhas, as diferenças entre os coleguinhas (Cor dos olhos...).
  • Trabalhar as dificuldades que devem ser superadas quando se sai de casa, dos (as) meninos (as) de rua ou na rua.
  • Observar o cachorro Bererê e comparar aos outros animais de estimação.
  • Trabalhar as diversidades e as necessidades especiais, dar noções da leitura e escrita em Braille e LIBRAS.
  • Continuar a história do autor ou inventar uma outra. Ilustrar a história criada. Comparar as duas histórias. Mostrar as criações de outros autores e alunos. Mostrar que as histórias são apenas diferentes, e não existe história mais importante do que a outra.
  • O que é ser um escritor? O que é ser um ilustrador? Todos eles passaram pela escola. A importância da escola.

Eu e a ilustradora Simone Lima nos preocupamos muito de como a imagem do livro Zabelinha “Histórias que vovó contava” ajudaria a contar a história. Sua linguagem visual deveria ser anterior à linguagem falada e escrita e por meio dela a criança e os leitores adultos (a maioria de professores) teriam a oportunidade conhecer outras visões da história.

O texto escrito deveria contar a história recheada de imagens nas linhas e nas entrelinhas sobre a diversidade, os conflitos que muitos se encontram ao ter os cabelos crespos rotulados preconceituosamente de rebeldes, o abandono do cachorro e da construção familiar.

Dicas de como contar e recontar histórias por Denise Cristina Ganança

O impulso de contar histórias deve ter nascido com a humanidade. Porém, embora todos os seres humanos contem histórias, alguns se dedicam a elevar esta habilidade ao nível da arte: os Contadores de Histórias!

Contar histórias é uma deliciosa maneira de celebrar o encontro da criatividade, coletividade e diversidade, nesse contexto o principal elo é o Contador de Histórias, pois este se torna um organismo dinâmico de incentivo a leitura e promoção de entretenimento cultural, proporcionando integração, socialização, ensinamento e reflexão.

No mundo todo, existem coisas maravilhosas chamadas Histórias e compartilhá-las é tão divertido quanto importante!

Iniciação ao vasto imaginário da narrativa:

Ser um Contador de Histórias é ter a capacidade de narrar e de representar, ao mesmo tempo.

Narrar consiste em exteriorizar uma atitude objetiva, baseada na sucessividade. Um bom narrador dá o senso de criação da ordem a partir do caos, portanto, o bom Contador de Histórias dá uma boa dose de percepção da problemática na qual a narrativa está envolvida, antes de mostrar como as coisas voltarão ao “normal”.

Durante a narrativa o Contador de Histórias deve estimular o público a descobrir o que está acontecendo na história, e para tanto, deve deixar as pistas necessárias para manter a imaginação, o intelecto e as respostas emocionais desse público. Estas pistas envolvem diretamente a ato de representar.

Quando se trata da contação de histórias, representar bem é o “muro” que separa as pessoas que simplesmente conhecem a história e os Contadores de Histórias. Nesse contexto, alguns elementos são primordiais para que o público entenda o que está sendo dito e ao mesmo tempo se aproprie da mensagem da história:

  • Voz: O aproveitamento da voz deve se estabelecer sob os seguintes aspectos: dicção, volume, ritmo, respiração e entonação. O uso do microfone não é vetado, desde que seja realmente necessário e não interfira na movimentação durante a história.

  • Olhar: A relação entre o Contador de Histórias e seu público é estabelecida pelo olhar de quem conta. O olhar é o fio condutor da emoção, através dele o Contador de Histórias se identifica e ao mesmo tempo percebe os interesses e anseios do público.

  • Postura: Embora o Contador de Histórias ensaie exaustivamente suas apresentações, estas devem ocorrer com simplicidade e naturalidade, mesmo que estejam sendo usadas “ferramentas lúdicas” e/ou recursos tecnológicos.

Usar um vocabulário adequado e evitar o uso de acessórios pessoais que possam distrair o público também é muito importante.

Tipos de narrativa:

O ponto de vista de quem narra a história faz uma grande diferença. Narrativas em primeira pessoa encorajam o público a se relacionar mais com o orador do que com os fatos, enquanto que nas narrativas em terceira pessoa o personagem é visto do exterior e do interior ao mesmo tempo, elevando o envolvimento do público com a história.

Quando narrativas autorais são escolhidas, a fidelidade ao texto deve ser mantida, já no caso de uma narrativa de origem oral ou que sejam adaptações de fatos ocorridos, a criatividade pode “abrir suas asas”, mas o rumo da história deve ser mantido mesmo nos momentos de improvisação.

  • Escolha da história: Uma das funções de uma história, seja ela lida ou contada, é elevar o nível de comunicação do leitor/ouvinte. Para que esta função seja cumprida, se faz necessário que a história esteja de acordo com a faixa etária do público e/ou suas peculiaridades. Um bom contador de histórias lê muitas histórias antes de escolher uma e ao fazê-lo deve usar e abusar da sensibilidade.

Embora seja de suma importância manter os elementos citados como norteadores na hora de narrar e representar, só existe uma regra fixa para o Contador de Histórias: Jamais conte uma história com a qual não se identifica! O primeiro a gostar da história deve ser o próprio orador, só a afetividade é capaz de transformar a narração de uma história em um encontro especial entre o Contador de Histórias e seu público, repleto de encanto e sabedoria!

Espero que essas sugestões possam ser úteis e que todos se empolguem com a incrível e deliciosa arte de contar histórias!

Atenciosamente,

Denise Cristina – Contadora de Histórias

Contato: denise_g_@hotmail.com

Depoimento da contadora de Histórias Denise Cristina Ganança sobre a "Zabelinha"

“É impressionante a maneira como ““Zabelinha”” cativa adultos e crianças! Independente do contexto em que essa fabulosa história é contada – salas de aula, oficinas, cursos para formação de professores, etc – ela transborda sensibilidade e ensinamento. Sua doçura e sabedoria atingem diretamente o coração do público da maneira como só as coisas simples da vida o fazem.

Contar uma história tão maravilhosa como ““Zabelinha”” não é uma tarefa difícil e minha contribuição como contadora de histórias consiste em usar materiais reaproveitáveis para recriar as personagens, de tal maneira que uma apresentação para um público maior seja possível; além disso, o preparo adequado e uma boa interpretação das vozes daqueles que compõem a narrativa, são fundamentais na hora de ajudar a cumprir a doce tarefa de plantar as sementes de afeto distribuídas pelo brilhante e generoso Anguair Gomes através dessa história fascinante”.

Denise Cristina Ganança - Contadora de Histórias