domingo, 10 de janeiro de 2010

Algumas reflexões e sugestões de atividades do autor Anguair Gomes do Santos

Na leitura, por meio dos sentidos, a criança é atraída pela curiosidade, pelo formato, pelo manuseio fácil e pelas possibilidades emotivas que o livro pode conter. Além de estimular o pequeno leitor a descoberta e o aprimoramento da linguagem, desenvolvendo sua capacidade de comunicação com o mundo, desperta na criança o desejo de concretizar o ato de ler o texto escrito, facilitando o processo de alfabetização.

O livro Zabelinha foi primeiramente escrito para o professor e o adulto. Cabe a eles serem os mediadores segundo Lev Vygotsky, ou os facilitadores segundo Jean Piaget do desenvolvimento da aprendizagem da criança. Então, esse adulto não pode permitir o desaparecimento da criança que ele foi um dia, e deve aprender a pensar como a criança pensa.

Se a criança no período simbólico segundo Piaget,é alimentada pela fantasia e adora ouvir histórias, Zabelinha fará parte do seu animismo onde lhe atribuirá vida em um pedaço de pano, por exemplo. O professor ou adulto deve ser o facilitador para que essa criança chegue à zona proximal, explorando abundantemente as imitações sem modelo, as dramatizações, os desenhos e pinturas.

Se no período Intuitivo a criança demonstra especial interesse pelas causas dos fenômenos, então devemos viajar com ela nessa fase dos “porquês”. Por que temos dois olhos e não temos três ou um? Por que o papagaio fala e o cachorro não? Como a expressão verbal é importante podemos por meio das personagens explorarem as dramatizações, as descrições das ilustrações, recontarem a história...

No período Operatório Concreto, a criança pode fazer uso dos signos, convencionais e arbitrário sendo o momento indicado para a alfabetização. Zabelinha pode contribuir para a descoberta da leitura, curiosidade e novos conhecimentos. O professor pode explorar o seu nome, quem é, como é, semelhanças e diferenças. Usar atividades de recortar as letras em jornais e revistas para colagem montando palavras. Desenhar o tema da história e os personagens. Pode também ser copiadas as palavras ou coladas utilizando-se grãos, barbantes. Com o tempo pode ser ensinado a usar o dicionário para que a criança tire suas dúvidas. O que quer dizer emancipada?

No período Operatório abstrato, que segundo Piaget vai de onze/doze anos em diante, o livro Zabelinha pode contribuir pelo seu interesse nas transformações sociais, nas teorias voltadas para o futuro. Discutir temas como a diversidade, uma escola para todos, uma sociedade justa e fraterna, contribuirá no estabelecimento nas relações de reciprocidade e cooperação.

Algumas sugestões de atividades:

  • Observar à capa, textura, as letras e as suas cores, nome do livro, nome do autor, nome da ilustradora, a data em que foi impresso e em que cidade.
  • Trabalhar os inúmeros tipos de famílias e os ajustes familiares.
  • Observar os cabelos da Zabelinha, os próprios cabelos e dos coleguinhas, as diferenças entre os coleguinhas (Cor dos olhos...).
  • Trabalhar as dificuldades que devem ser superadas quando se sai de casa, dos (as) meninos (as) de rua ou na rua.
  • Observar o cachorro Bererê e comparar aos outros animais de estimação.
  • Trabalhar as diversidades e as necessidades especiais, dar noções da leitura e escrita em Braille e LIBRAS.
  • Continuar a história do autor ou inventar uma outra. Ilustrar a história criada. Comparar as duas histórias. Mostrar as criações de outros autores e alunos. Mostrar que as histórias são apenas diferentes, e não existe história mais importante do que a outra.
  • O que é ser um escritor? O que é ser um ilustrador? Todos eles passaram pela escola. A importância da escola.

Eu e a ilustradora Simone Lima nos preocupamos muito de como a imagem do livro Zabelinha “Histórias que vovó contava” ajudaria a contar a história. Sua linguagem visual deveria ser anterior à linguagem falada e escrita e por meio dela a criança e os leitores adultos (a maioria de professores) teriam a oportunidade conhecer outras visões da história.

O texto escrito deveria contar a história recheada de imagens nas linhas e nas entrelinhas sobre a diversidade, os conflitos que muitos se encontram ao ter os cabelos crespos rotulados preconceituosamente de rebeldes, o abandono do cachorro e da construção familiar.

Um comentário:

  1. Parabéns pelo autor de ter a iniciativa de uma historia abrangente e muito oportuna. A ilustração tb é maravilhosa!Consegui iniciar a alfabetização de um adolescente com Def.Audtiva aos 16 anos com esse livro pelos encartes que vinham na época que eu vi o livro na mesa da sala dos professores e usei para experenciar.

    ResponderExcluir